No início deste ano, a International Association for the Study of Pain (IASP) realizou uma revisão importante no conceito de dor em função dos avanços no entendimento do fenômeno doloroso. A nova definição de dor é “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”.

Algumas importantes notas explicativas complementam o novo conceito: (1) a dor é sempre uma experiência pessoal e subjetiva, influenciada, em graus variáveis, por fatores biológicos, psicológicos e sociais; (2) dor e nocicepção são fenômenos diferentes, pois a dor não pode ser determinada exclusivamente pela atividade dos neurônios sensitivos; (3) através de suas experiências de vida, as pessoas aprendem o conceito de dor; (4) o relato de uma pessoa sobre sua experiência de dor deve ser sempre respeitado; (5) embora a dor possua um papel adaptativo, pode ter efeitos adversos na função e no bem-estar social e psicológico; (6) a descrição verbal é apenas um dos vários comportamentos que expressam a dor e a incapacidade de comunicação não invalida a possibilidade do ser humano ou animal sentir dor.

As revisões na definição do conceito de dor, assim como a inclusão da dor crônica na CID-11, são fundamentais para o reconhecimento da dor como importante condição de saúde, com potencial transformador para a pesquisa e o cuidado em dor mundialmente, além de favorecerem o acesso ao tratamento da dor como um direito humano fundamental, conforme preconizado pela Declaração de Montreal em 2010.

Esta resenha foi produzida por Camila Megale Almeida-Leite com o apoio da Comissão de Ensino e Pesquisa da SBDOF. Divulgação realizada pela Comissão de Comunicação da SBDOF.

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